Saiba onde denunciar e como combater a violência doméstica na quarentena

  •  Icone Calendario17 de abril de 2020
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  • Tayla Pinotti
 Combater a violência doméstica

Apesar da atual recomendação para ficar em casa ser fundamental para conter o avanço do coronavírus, a medida, em poucos dias, agravou – infelizmente – outro problema já recorrente no país: a violência doméstica.

Enquanto para a maioria da população o momento é de ansiedade e tensão, muitos agressores, por outro lado, se sentem encorajados a agredirem suas parceiras, uma vez que a quarentena pode ser o ambiente propício para que elas permaneçam em silêncio.

Em meio à pandemia e ao isolamento social, muitas mulheres não denunciam seus agressores por falta de conhecimento sobre o que fazer, para onde ir, como e a quem recorrer. Não à toa, o número de ocorrências formais diminuiu, enquanto a violência não.

Só nas primeiras semanas de quarentena, houve um aumento de 9% nas denúncias recebidas pelo 180 (canal de atendimento à mulher). Em São Paulo, por exemplo, houve um aumento de 51% no número de prisões em flagrante em casos de violência doméstica.

No Rio de Janeiro, o aumento foi de 50% nos casos atendidos pela Polícia Militar e, no Ceará, somente em uma semana, o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Fortaleza, recebeu o pedido de 65 medidas protetivas de urgência.

Mas, esse não é um problema exclusivo do Brasil: na China, os casos subiram em um terço. Países como Espanha, França e Argentina chegaram a criar um sistema de alerta nas farmácias a partir de uma senha secreta como forma de amparo às mulheres vítimas de violência doméstica.

No Brasil, após notarem a subnotificação (quando há menos notificações do que o esperado) e o crescente medo das mulheres confinadas com seus agressores, as autoridades se movimentaram para ampará-las de forma remota durante o período de isolamento.

Além disso, todos podem (e devem) fazer algo para combater esse ciclo de violência. Lembre-se que em briga de marido e mulher, se mete a colher, sim! Se você é vítima de violência doméstica, ou se conhece alguma mulher que seja, #LevanteSuaVoz – a Salon Line acredita e incentiva esse movimento.

Saiba abaixo onde denunciar e como combater agressões, abusos e maus-tratos contra mulheres durante a quarentena.

Onde e como denunciar

Onde e como denunciar a violência domestica

O principal canal de denúncias continua sendo a Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180. O serviço funciona 24 horas, sete dias por semana, é sigiloso e abrange todo o território nacional. Em casos emergenciais ou de flagrante, o ideal é ligar para a Polícia Militar pelo número 190.

As denúncias sobre assédio ou violência também podem ser feitas 24 horas por dia no Disque Cidadania e Direitos Humanos pelo número 0800 0234567.

Para quem mora em São Paulo ou no Ceará, é possível registrar boletins de ocorrência online por meio das delegacias eletrônicas dos Estados. Já no Rio de Janeiro, a orientação é procurar uma Delegacia da Mulher, que também disponibiliza o registro online para casos de violência doméstica.

Em São Paulo, Curitiba, Campo Grande e São Luiz, as Casas da Mulher Brasileira concentram serviços de delegacia e varas especializadas. A vítima também pode recorrer ao Ministério Público e a Defensoria Pública e procurar abrigos para acolhimento provisórios nessas cidades.

Além disso, o Mapa do Acolhimento lançou uma campanha chamada Tô com Elas, que prevê a criação de um mapa online georreferenciado com 5 mil serviços públicos em todo o território brasileiro.

Serão listados delegacias, centros de referência, defensorias, hospitais de emergência, entre outros locais que podem prestar atendimento às vítimas de violência contra a mulher. Vale a pena acompanhar através desse link e conferir mais sobre esse projeto tão importante no vídeo abaixo.

Redes de apoio

Outra alternativa para combater a violência doméstica durante a quarentena é buscar por redes de apoio. Muitos coletivos, institutos e até mesmo mulheres por conta própria estão oferecendo ajuda psicológica, socioassistencial, jurídica e médica de forma voluntária e remota.

Um post que viralizou no Facebook, por exemplo, sugere que a vítima entre em contato perguntando por maquiagens para que a pessoa do outro lado da tela saiba que ela está em perigo e chame a polícia.

O movimento As Justiceiras também vem atuando, desde o dia 24 de março, no combate à violência doméstica por meio de um contato de WhatsApp – (11) 99639-1212 – no qual 700 psicólogas e advogadas voluntárias oferecem apoio e auxílio às mulheres.

A iniciativa tem como lema “fique em casa, mas saia da violência doméstica” e mostra que a empatia e a sororidade podem fazer a diferença durante esse momento difícil para todos, mas especialmente para mulheres que estão isoladas com seus agressores.

O que você pode fazer para ajudar no combate

Não “se meter” em brigas conjugais já virou uma questão cultural para a sociedade brasileira, o que acaba por gerar um verdadeiro ciclo de violência contra a mulher. Justamente por isso, atuar no combate desses abusos deveria ser um interesse de todos, não apenas do casal ou da polícia.

Então, se você tem uma amiga, parente, vizinha ou conhecida que já tem um histórico de violência ou que dá sinais de que pode estar correndo risco durante a quarentena, não deixe de oferecer ajuda – dá para fazer isso de muitas formas.

O primeiro passo, de qualquer forma, sempre é: não julgue, pois isso pode fazer com que a vítima se cale. Tudo que a mulher em situação de violência doméstica precisa é que você se mostre disponível para ajudá-la.

Feito isso, mantenha contato frequente com ela para saber se está bem. Aproveite para informá-la sobre os serviços disponíveis, sobre como fazer boletim de ocorrência e como pedir medida protetiva.

Se você tem disponibilidade para recebê-la em sua casa, ofereça esse apoio, mas certifique-se de que esse será um ambiente seguro (tanto em relação ao vírus, quanto ao agressor). Caso ela não vá para onde você mora, indique alguma casa abrigo ou casa de passagem para que ela possa ficar protegida durante esse período.

Sempre combine um sinal ou palavra de emergência e certifique-se de agir com sutileza. Se você tem uma vizinha vítima de agressões, mas ainda não conseguiu conversar com ela, toque na porta dela e deixe uma receita com um bilhete “escondido” contendo seu número de celular, por exemplo.

Porém, caso veja ou escute alguma situação de violência ou de agressão próximo de onde você mora, não silencie! É preciso mostrar que você está, sim, ouvindo a briga e a agressão. Bata na porta, grite na janela ou chame a polícia.

Jamais se omita diante de um ato violento contra uma mulher. Todos devem interferir da forma como for possível, pois esse ciclo precisa ser fechado. E logo.



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