Termos capacitistas para você tirar do seu vocabulário

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 Termos capacitistas para você tirar do seu vocabulário

O português falado no Brasil é uma língua rica e em constante em evolução. Por isso, é necessário refletirmos sobre como ela pode estar em sintonia com o cenário diverso que temos em nosso território. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 mostram que há 17,2 milhões de pessoas com deficiência no país, o que representa 8,4% da população. Todos os dias, e em todos os aspectos, essas pessoas lidam com os desafios do capacitismo, ou seja, com a discriminação, opressão e preconceito contra pessoas com deficiência.

Mas o que isso tem a ver com a língua? Simples. No português brasileiro, ainda lidamos com um vocabulário discriminatório, o que significa que, no nosso dia a dia, ainda existem termos, palavras e expressões que contribuem para a opressão de grupos marginalizados, no caso do capacitismo, contra pessoas com deficiência e neurodivergentes. Mas como dito anteriormente, a constante evolução da língua nos permite repensar formas mais inclusivas e justas para se referir a esse grupo em específico, e também nos permite deletar os capacitismos que ofendem e prejudicam.

Qual é a importância de abolir termos ofensivos e adotar uma linguagem mais inclusiva?

O Brasil é um país gigantesco, com proporções continentais e uma das populações mais diversas do mundo. Já a língua que falamos, trata-se de um instrumento político que influencia praticamente todas as esferas da nossa vida: comunicação, identidade, relacionamentos, trabalho, e por aí vai. Por isso, as palavras que usamos precisam refletir a pluralidade do nosso país, e sendo ela constantemente alterada, podemos também nos esforçar para que ela se atualize junto com a sociedade.

Abolir termos capacitistas não é apenas questão de ser politicamente correto, ou tomar cuidado para não ofender ninguém, e sim, garantir que pessoas com deficiência sejam tratadas com dignidade e igualdade, incluídas em todos os espaços, e acima de tudo, respeitados em seu direito de existir.

O que não falar: 5 termos capacitistas para abolir do seu vocabulário

Entender quais termos podem ser ofensivos e trabalhar ativamente para retirá-las do seu dia a dia é um exercício importante. Nada é preto no branco: esse processo leva tempo, mas ao entender os significados e porque elas são prejudiciais nos ajuda a pensar alternativas. Vem ver:

Pessoa “especial”

De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito das Pessoas com Deficiência, o termo correto a utilizar é pessoas com deficiência física, ou pessoas neurodivergentes, no caso de transtornos mentais. Usar a palavra “especial” para referir-se a esse grupo implica na existência de um padrão, ou de uma normalidade, com a qual a pessoa com deficiência não pertence. As deficiências e neurodivergências são apenas características físicas da pessoa, e não traços “especiais” que as diferem dos demais, e nem mesmo as definem.

Ceguinho/mudinho

Referir-se à pessoa com deficiência no diminutivo ofende, pois diminui, incita pena e até mesmo infantiliza a pessoa com deficiência física. A deficiência não incapacita a pessoa ou a torna uma “coitada”, é necessária uma adaptação em certos aspectos da vida que são dificultados justamente pela falta de acessibilidade e inclusão da sociedade.

Fingir demência

A demência é um diagnóstico que explica o declínio nas habilidades mentais, como raciocínio, memória e também na capacidade de se comunicar. No caso da expressão “fingir demência”, substitua por “fingir desentendimento”, assim, você evita utilizar uma condição séria e bastante delicada de forma pejorativa. Também, usar a palavra “demência” como sinônimo de loucura também é ofensivo.

Usar “autista” como adjetivo

Muitas vezes, a palavra “autista” é usada para se referir à alguém distraído, que prefere se isolar ou alguém que tem comportamentos fora do que é esperado, o que também é capacitismo. O espectro autista é diferente para cada pessoa, e nem todos que se encontram dentro dele apresentam os mesmos comportamentos. E em geral, usar um diagnóstico para definir alguém, de forma pejorativa ou não, reforça esteriótipos negativos e limita a individualidade das pessoas com deficiência.

Mancada

Na mesma linha da expressão anterior, não devemos usar a deficiência de alguém como sinônimo para algo negativo. No caso da palavra “mancada”, sinônimo de alguém que fez algo errado, ela reforça a deficiência física como algo negativo e inaceitável no imaginário popular. Com a eliminação de esses e outros termos, é possível transformar a nossa língua em um idioma mais inclusivo, diverso e acolhedor para todos.



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