Quiet quitting: como essa tendência pode ressignificar o trabalho

  •  Icone Calendario9 de dezembro de 2022
  •  Icone Relogio 15:59
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  • Talitha Benjamin
 mulher mexendo no computador quiet quitting

Em tempos tão caóticos que impactam todos os aspectos da vida, é de se esperar que o mundo profissional e corporativo também tenha suas mudanças. O quiet quitting, uma tendência impactante que tem viralizado nas redes sociais, busca repensar e refletir sobre as relações de trabalho e como elas podem ser prejudiciais para o empregado. A “desistência silenciosa” como resposta para esses problemas têm preocupado empresas e economistas.

Mas quando falamos em quiet quitting, muita coisa está em jogo: a motivação e perspectiva de carreira do trabalhador, as condições de remuneração, a qualidade do ambiente de trabalho e também como funcionários e colaboradores são tratados no dia a dia. De certa forma, o quiet quitting é um sintoma resultante de uma cultura de trabalho tóxica, mas talvez, ela não seja a solução para melhorar o cenário. Vamos entender juntos? Vem com a gente:

O que é o quiet quitting?

Quando ouvimos quiet quitting, ou “demissão silenciosa”, a ideia que temos é de alguém que está renunciando ao seu cargo. No entanto, o quiet quitting se tornou popular enquanto uma abordagem comportamental às atribuições profissionais e, basicamente, se resume em dedicar-se apenas o necessário para o trabalho, sem mais, nem menos.

Difícil de entender? É simples: aqui no Brasil, o quiet quitting vem na contramão do “trabalhe enquanto eles dormem”, ou seja, é uma abordagem que prega fazer apenas aquilo que lhe é atribuído. Esqueça horas extras, esqueça proatividade em oferecer-se para resolver problemas e absorver funções e, principalmente, esqueça abrir mão do seu tempo de descanso ou lazer para dedicar-se ao trabalho. A demissão silenciosa prega fazer o mínimo, além de estabelecer limites para garantir o equilíbrio entre a sua vida profissional e pessoal. Não se trata de preguiça, ou “braço curto” e, sim, de funcionários que ainda cumprem suas funções, mas que renegam aquela noção de que o trabalho deve ser sua maior prioridade.

De onde, e como surgiu o quiet quitting?

A pandemia não apenas alterou a vida de todos e interferiu nos encontros sociais, mas também fez muita gente repensar suas relações com o trabalho. Por conta do isolamento social e o crescente número de mortes por COVID-19, as prioridades foram mudando: de abril de 2021 a abril de 2022, cerca de 7 milhões de pessoas pediram demissão de seus empregos, de acordo com a Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos Estados Unidos.

O fenômeno não conta apenas com pessoas renunciando seus cargos, mas também impondo limites sobre suas funções e carga de trabalho. E é aí que entra o quiet quitting. Durante o período de renúncias em massa, funcionários refletiram mais e mais sobre suas carreiras, salários e também como são tratados — se são respeitados, humanizados ou reconhecidos pelos seus esforços.

A falta de oportunidade de carreiras, baixas remunerações e sentimentos negativos (como casos de desrespeito, assédio moral e cultura de trabalho tóxica) foram citados como as principais razões que levaram pessoas a pedirem demissão ou a fazerem o quiet quitting, segundo um levantamento realizado pela Pew Research Center.

O quiet quitting embora tratado como novidade, não passa de uma reação normal pela qual inúmeras pessoas passam sempre. Atualmente, cada vez mais profissionais não se sentem compelidos a dedicarem mais energia do que o necessário ao perceber que a recompensa não condiz com o esforço que fazem. Afinal, quem nunca se sentiu desmotivado profissionalmente?

O quiet quitting é mesmo a resposta?

Apesar de as motivações que culminam no quiet quitting serem válidas, é preciso avaliar se apenas esse comportamento não pode ser tóxico e prejudicial para a sua vida profissional. Ao mesmo tempo em que é preciso estabelecer limites entre trabalho em excesso, não deixando que as suas atribuições profissionais tomem conta da sua vida, é necessário entender se a sua carreira não precisa mudar também.

Isso porque as suas insatisfações podem não estar totalmente relacionadas à cultura de trabalho tóxica ou exigências extremas do seu atual empregador. Fazer alguns questionamentos também podem ajudar a entender melhor de onde vem a sua desmotivação:

  • Quais problemas você enfrenta na sua vida profissional?
  • Esses problemas são causados pela empresa ou pela cultura do ambiente de trabalho, ou são comuns na sua profissão?
  • Você está satisfeita com a sua escolha profissional?
  • Você gostaria de fazer outra coisa que te fizesse mais feliz?

Claro que as respostas dessas perguntas talvez não sejam as que você gostaria de ouvir, e talvez essas reflexões não sejam o suficiente para mudar a sua realidade profissional, mas ajuda você a entender o que te deixa insatisfeita. Vale também “terceirizar” essa conversa. Consulte seus colegas de trabalho e também seus líderes, abra conversas e estimule-os a falarem sobre o que eles acham que pode mudar.

Além disso, quando falamos de carreira profissional, é bom estar sempre alerta para novas oportunidades. Permita-se buscar novos rumos, mesmo estando empregado e ocupado: mantenha seu currículo e portfólio atualizados, busque fazer conexões e, é claro, continue estudando e melhorando a sua formação profissional. Assim, você se mantém disponível para vários desafios e evita cair no desamparo e desânimo do quiet quitting.



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