Dismorfia Instagram: como os filtros da rede podem afetar sua autoestima

  •  Icone Calendario6 de novembro de 2020
  •  Icone Relogio 15:36
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  • Tayla Pinotti
 Dismorfia corporal os malefícios da redes sociais a dismorfia instagram

Lábios mais grossos, bochechas mais magras, um nariz mais fino e uma pele impecável: graças aos filtros do Instagram, cada vez mais mulheres estão aderindo à essas características sem nenhuma cirurgia ou maquiagem. Apesar de parecerem inofensivos – e até mesmo divertidos -, porém, o uso desses filtros pode levar à chamada Dismorfia Instagram, um distúrbio que atinge principalmente o público jovem.

O Instagram, além de ser o quarto aplicativo mais baixado e usado no mundo, é também o mais imagético de todos, dando visibilidade e maximizando aquilo que é considerado belo o tempo inteiro. Com mais de 1 bilhão de usuários ativos, a rede social é a segunda preferida pelos adolescentes nos EUA, perdendo apenas para o Snapchat – outra plataforma onde os filtros predominam.

Não coincidentemente, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica informou que, nos últimos dez anos, houve um aumento de 141% no número de procedimentos estéticos feitos por jovens de 13 a 18 anos. De acordo com o Dr. Alan Landecker, cirurgião especialista em rinoplastia, o chamado Transtorno Dismórfico Corporal é mais comum na infância e na adolescentes, sendo mais prevalente entre o sexo feminino.

Os filtros como gatilho da dismorfia corporal

Apesar de ambos estarem relacionados à insatisfação com a própria aparência, o Transtorno Dismórfico Corporal e a Disformia Instagram não são exatamente a mesma coisa. “Devido à comparação com um padrão de estética imaginário, muitas pessoas que nem sofrem com TDC podem acabar apresentando alguns sintomas desse transtorno quando enxergam seus rostos totalmente modificados”, explica o cirurgião plástico.

Para Landecker, os filtros da rede funcionam como um gatilho. Ao verem seus rostos dentro de um “padrão”, a vontade de se parecer com a foto só aumenta – e a prova disso está num estudo da Academia Americana de Cirurgiões Plásticos que mostra que a motivação de 55% das pessoas que fizeram a cirurgia de rinoplastia em 2017 foi o desejo de sair melhor em selfies.

O cirurgião também esclarece que os filtros fazem com que a pessoa pareça absolutamente simétrica e perfeita, então ela não entende que esses padrões de estéticas são falsos. Isso faz com que muitos pacientes tenham expectativas não realistas sobre o resultado de uma cirurgia plástica e que, em muitos casos, há uma insatisfação desproporcional para defeitos muitos pequenos.

A dismorfia causada pelos filtros do Instagram abala – e muito – a autoestima e a visão que os jovens usuários dessa rede têm de si mesmos, mas ela pode se tornar ainda mais perigosa quando eles passam a dar indícios de comportamentos comuns entre pacientes de TDC. “Quando esse anseio que a pessoa tem em relação à própria aparência começa a causar sofrimentos clínicos e prejuízos no dia a dia, é melhor procurar ajuda”, alerta Landecker.

A valorização do real como solução

Sabendo dos malefícios que a pressão estética motivada pela sociedade – e agora também pelas redes sociais -, em outubro de 2019, o Instagram anunciou que derrubaria todos os efeitos de cirurgia plástica e que também pararia de aprovar o lançamento de efeitos do tipo. No entanto, ainda hoje é possível encontrar versões que alongam os cílios, aumentam os lábios ou que fazem maquiagem.

Para o Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Dr. Alan, só essa medida não basta para combater essa fixação por uma aparência computadorizada e irreal. “Os padrões ilusórios aparecem também na TV, na mídia impressa, nos portais da internet e em outros diversos lugares do dia a dia, então precisa haver uma educação que mostre que todos nós temos imperfeições”.

É preciso lembrar também que o exagero nunca é bem visto. Assim como as alterações claramente fakes feitas no Photoshop passaram a serem vistas como algo “grotesco”, a tendência é que o mesmo aconteça com esses tipos de filtros. Movimentos como o body positive pregam a aceitação e a valorização das características reais do corpo e é essa filosofia que devemos levar dentro e fora das redes sociais. E você, com quanta beleza irreal ainda vai se comparar?



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