Mulheres invencíveis: Anita Garibaldi, a “heroína dos dois mundos”

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  • Tayla Pinotti
 Anita Garibaldi

Assim como Zumbi e Dandara dos Palmares, Giuseppe e Anita Garibaldi foram muito mais que amantes: foram companheiros de combates, de fugas e de conquistas. O casal de revolucionários teve envolvimento direto na Revolução Farroupilha e no processo de unificação da Itália, e, por isso, são conhecidos como herói e heroína dos dois mundos.

Perseguida até a morte, Anita pegou em armas, lutou bravamente, foi capturada – mas conseguiu fugir – acompanhou vitórias e derrotas de Giuseppe em batalhas, cuidou de feridos e até organizou hospitais. À frente de seu tempo, Anita Garibaldi foi, de fato, uma mulher invencível.

Infância e adolescência

Apesar de ter nascido em 30 de agosto de 1821, foi apenas no ano de 1999 que a certidão de nascimento de Anita Garibaldi, que nasceu com o nome de Ana Maria de Jesus Ribeiro, foi divulgada. Alguns estudiosos afirmavam que a revolucionária havia nascido em Lages, mas ficou provado que fora no município de Laguna.

Anita era descendente de portugueses imigrados dos Açores na província de Santa Catarina no século XVIII e teve uma origem familiar bastante humilde. O pai, Bento, que era comerciante, faleceu quando ela ainda era jovem, o que fez com que Anita, que tinha mais 9 irmãos, passasse a ajudar no sustento da casa.

É consenso que Anita tivera uma boa educação, porém, os padrões da época ainda eram muito ultrapassados. Por insistência da mãe, por exemplo, Anita teve que se casar aos 14 anos de idade com Manuel Duarte de Aguiar, que tinha 25 anos e trabalhava como sapateiro.

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Depois de cerca de 4 anos, o casamento acabara. Alguns afirmam que Manuel havia se alistado na Guarda Nacional do Império e, por isso, saíra da cidade, enquanto outros registros apontam que, na verdade, foi Anita que deixou o marido, já que estava apaixonada por Giuseppe.

Anita e Giuseppe Garibaldi

Giuseppe Garibaldi era um exilado e marinheiro italiano de 32 anos. Em julho de 1839, chegou em Laguna a bordo de uma embarcação armada com sete canhões. De acordo com suas próprias memórias, ele observava as casas da barra de Laguna usando uma luneta, até que avistou um grupo de moças. Uma das jovens conquistara seu coração.

Foi então que o marinheiro providenciou um barco para ir até a cidade procurar a jovem, mas não a encontrou. Quando já tinha perdido as esperanças, um habitante local o convidou para tomar um café e, coincidentemente, nessa mesma casa, encontrou a moça que procurava. Era Anita, que tinha apenas 18 anos de idade.

“Ficamos ambos estáticos e silenciosos, olhando-se reciprocamente, como duas pessoas que não se vissem pela primeira vez e que buscam na aproximação alguma coisa como uma reminiscência. A saudei finalmente e lhe disse: ‘Tu deves ser minha!’. Eu falava pouco o português, e articulei as provocantes palavras em italiano”, dissera Giuseppe.

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Juntos, eles tiveram 4 filhos: Menotti (1840), que foi o único que nasceu no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, além de Rosa (1843), Teresa (1845) e Ricciotti (1847), que nasceram no Uruguai. Rosa tragicamente falecera aos dois anos de idade por asfixia causada por uma infecção na garganta, o que gerou um grande sofrimento aos pais.

Batalhas de Anita

Já em 20 de outubro de 1839, Anita decide seguir Garibaldi a bordo de seu navio para uma expedição militar. Em Imbituba, quando a expedição corsária foi atacada pela marinha imperial do Brasil, recebeu o batismo de fogo – a frota de Giuseppe foi atacada por três navios de guerra brasileiros bem armados.

Giuseppe tentou convencer Anita a desembarcar enquanto a luta durava, mas ela se recusou. Quando a batalha atingiu seu auge, parte da tripulação perdeu a coragem e fugiu para o convés, enquanto Anita pegou um mosquete e começou a disparar contra os inimigos.

A revolucionária também teria atravessado o rio a bordo de uma pequena lancha de combate cerca de uma dúzia de vezes para trazer munições aos marinheiros, confirmando sua coragem e seu amor por Garibaldi na famosa batalha naval de Laguna. Em pouco tempo, e os riscos da guerra se tornaram comuns para Anita.

Selo de carta Anita Garibaldi

Durante a Batalha de Curitibanos, que aconteceu em 12 de janeiro de 1840, Anita foi capturada pelas tropas que representavam o Império Brasileiro quando já estava grávida de seu primeiro filho. Ao ser aprisionada, foi falsamente informada da morte do marido.

Desconfiada da informação, aproveitou um instante de distração dos guardas, tomou um cavalo e fugiu. Depois de atravessar a nado com o cavalo o rio Canoas, Anita chegou ao Rio Grande do Sul e, oito dias depois, encontrou-se com Garibaldi em Vacaria.

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Em 1841, quando a situação militar da República Rio-Grandense era insustentável, o casal e Menotti mudaram-se para Montevidéu, no Uruguai. Lá, apoiaram juntos outra revolta contra o ditador uruguaio Fructuoso Rivera. Garibaldi foi indicado comandante da pequena frota uruguaia, que combatia a esquadra naval argentina.

Já no ano de 1947, Anita foi para a Itália realizar os preparativos para receber o marido e uma tropa de mil homens que participariam das guerras de unificação da Itália. Apesar da conquista desse conflito, o casal ainda teve que enfrentar as forças franco-austríacas, batendo em retirada nas ofensivas que marcaram a Batalha de Gianicolo.

Morte e legado de Anita Garibaldi

Enquanto permaneceu na Itália, o casal de revolucionários teve de suportar a pressão de exércitos contrários ao processo de unificação. A embaixada norte-americana chegou a oferecer um salvo conduto que poderia tirar Anita e Giuseppe dessa situação de risco, mas eles não aceitaram, pois temiam a desarticulação do processo de unificação.

A essa altura, porém, Anita já estava esgotada pela quinta gravidez e ficou abatida ao enfrentar uma grave crise febre tifóide, uma doença infecciosa causada por uma bactéria. Doente e perseguida pelo exército austríaco, no dia 4 de agosto de 1849, Anita foi transportada às pressas às proximidades de Ravena.

Lá, infelizmente, faleceu aos 27 anos de idade junto com a criança que carregava na barriga. Ferozmente caçado pelos soldados austríacos, Garibaldi, mesmo desesperado com a notícia, não teve sequer a oportunidade de acompanhar os cortejos fúnebres da esposa e do filho.

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Considerada um exemplo de dedicação e coragem tanto no Brasil, quanto na Itália, a revolucionária foi homenageada com a nomeação de dois municípios de Santa Catarina: Anita Garibaldi e Anitápolis. Já em abril de 2012 foi sancionada a Lei 12.615, que determinou a inscrição de seu nome no Livro dos Heróis da Pátria.

Anita Garibaldi desenho

Agora que você conhece a história da revolucionária Anita Garibaldi, que tal inspirar os pequenos dando a eles (ou à elas) um desenho de colorir? Divirtam-se!



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