Por que imitar a carne? Desmistificando o veganismo
- 18 de novembro de 2022
- 10:44
- Talitha Benjamin
A cada dia que passa, o veganismo ganha mais e mais adeptos às suas práticas. De acordo com números do Ibope Inteligência, divulgados em 2018, cerca de 14% dos brasileiros se declaram vegetarianos ou veganos. Apesar disso, ainda é difícil discutir o movimento sem esbarrar na falta de conhecimento: estereótipos, mitos, preconceitos e ignorância ainda fazem com que muita gente ainda não tenha conhecimento sobre a importância da discussão sobre a exploração animal.
Felizmente, debates sobre o estilo de vida que preserva a vida e segurança dos animais têm tido cada vez mais visibilidade graças às redes sociais, com o amplo compartilhamento de informações, vídeos e documentários que nos incentiva a pensar formas de consumo que diminuam a exploração animal. E você, conhece o veganismo, e sabe qual é o seu objetivo? Quais mitos você já ouviu falar sobre o tema?
O que é o veganismo e vegetarianismo?
A primeira coisa a se saber é que existe uma diferença grande entre vegetarianismo e veganismo. A dieta vegetariana consiste em uma alimentação que exclui a carne, peixe e aves, mas mantém o consumo de leite, ovos, mel e queijos. Já quando falamos de veganismo, vamos muito além da alimentação: o movimento propõe uma mudança ética e política que busca abolir a exploração animal ao deixar de consumir qualquer produto, objeto ou alimento que seja dessa origem. Isso inclui também os produtos de beleza testados em animais, e também serviços ligados à exploração animal, como circos e zoológicos (com exceção dos santuários de preservação).
Veganismo: mitos e verdades
O veganismo é, acima de tudo, um novo estilo de vida que engloba toda a sua rotina e convivência. Por isso, se você estiver considerando adotá-lo, vale a pena ler muito sobre o assunto. Quer saber mais? Reunimos abaixo os 5 principais mitos sobre o veganismo para dar a você algumas dicas de como funciona:
1. A dieta vegana não é saudável e causa desnutrição
O maior mito que envolve o veganismo tem a ver com o consumo de carne: muita gente acredita que a proteína animal, mais especificamente, a carne, seja essencial para uma alimentação saudável. A verdade, no entanto, esclarece o oposto. Por mais que a carne esteja presente universalmente nas mesas ao redor do mundo, o seu excesso pode ser prejudicial: dados da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer estabelecem a carne processada como um carcinógeno, o que significa que ela pode causar câncer. Já a carne vermelha também entra no radar, já que seu excesso também está ligado com a incidência de câncer colorretal.
Mas isso também não significa que parar de comer carne seja sinônimo de uma alimentação saudável. Adotar o veganismo significa repensar a sua alimentação e, consequentemente, consumir outros alimentos que talvez não fizessem parte da sua rotina antes. O ideal, vegano ou não, é manter os exames de diagnóstico em dia, e também, se possível, ter um acompanhamento nutricional para garantir que você esteja consumindo os nutrientes e vitaminas necessárias para a manutenção da sua saúde.
2. Veganos só comem salada
Essa noção parte do princípio de que, sem poder consumir proteína animal, sobram apenas saladas para os veganos. A realidade é que excluir os alimentos de origem dos animais acaba forçando veganos a serem mais criativos e aumentarem seu repertório de receitas, incentivando a experimentação e apresentando novos sabores.
E pode parecer que não, mas os vegetais são muito mais versáteis do que imaginamos. A alimentação plant-based (dieta à base de alimentos vegetais integrais) é adotada por milhões de pessoas ao redor do mundo, até mesmo entre não-veganos, justamente por oferecer diversos pratos saborosos, incluindo doces, salgados, quentes e frios, leves ou hipercalóricos.
3. Ser vegano é caro e coisa de “rico”
É comum que o veganismo seja associado a um elitismo que não se encaixa na realidade da grande maioria das pessoas, e isso é, em partes, verdade. O mercado vegano ainda está em expansão no Brasil e, em geral, produtos veganos ainda são restritos à quem tem um maior poder aquisitivo. Não só isso, mas a oferta de variedades de frutas, legumes e verduras nas periferias, favelas e regiões pobres do país também é menor, favorecendo o consumo de alimentos processados e de proteína animal, que já fazem parte do repertório das famílias, educadas por uma sociedade pecuarista.
No entanto, essa falta de acesso não impossibilita o veganismo: assim como toda e qualquer reeducação alimentar, é necessário que você dedique tempo e energia para descobrir novos alimentos, receitas e preparos com os vegetais com os quais você tem acesso. Nessa jornada, a internet é a sua melhor amiga, há muito conteúdo por aí que vai te ajudar a repensar seu consumo de forma fácil, barata e acessível.
4. Veganos de verdade não comem imitação de carne
Hambúrguer vegano e queijo falso? Por aí, já existem diversas versões veganas das receitas mais deliciosas que levam alimentos de origem animal. Diversas marcas apostam em produtos que “imitam” a carne e, por conta disso, o veganismo está se tornando cada vez mais popular.
Muita gente ainda se pergunta o porquê alguém vegano iria se interessar por alimentos que “imitam” carne, já que eles aboliram esses itens da sua dieta. Mas a resposta para esse questionamento é muito simples: o veganismo é um movimento político e ético, que engloba questões econômicas e sociais. Quem vira adepto do veganismo, não o faz por uma preferência alimentar e, sim, por uma escolha política que altera seu estilo de vida.
Por isso, os alimentos que imitam carne, o churrasco fake e o queijo de plantas são ótimos aliados para matar a saudade do consumo da proteína animal, e até mesmo para facilitar a transição. No entanto, é importante relembrar que alimentos ultraprocessados não devem ser consumidos com frequência, sejam eles veganos ou não.
5. O veganismo emagrece
Na contramão de quem acha que veganos são desnutridos, há também muita gente que acredita que adotar uma dieta vegana pode auxiliar no emagrecimento. Isso porque a percepção universal é de que quem come muitas frutas, vegetais e verduras, acaba emagrecendo, mas isso não é necessariamente verdade. Apesar de uma dieta rica em alimentos naturais e integrais contribuir positivamente para o emagrecimento, a perda de peso depende de outros fatores, como velocidade do organismo, déficit calórico, práticas de exercícios físicos, entre outros.
Se o seu objetivo é emagrecer com uma dieta vegana, vale a pena consultar um médico e um nutricionista – são eles que vão saber indicar refeições e preparos que façam sentido para a sua rotina, gosto pessoal e meta de emagrecimento.
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