Setembro amarelo: como ajudar uma pessoa com depressão?

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 Como ajudar uma pessoa com depressão? A imagem mostra uma mão de pela branca segurando em uma mão de pele negra, como ato de apoio e acolhimento

Nunca antes se falou tanto sobre saúde mental e como não cuidar dela pode impactar profundamente na nossa qualidade de vida. Estudos de diversas partes do mundo mostram que o número de pessoas sofrendo com depressão só aumenta, e a ciência nos alerta de que este será um dos maiores problemas de saúde pública enfrentados pelas próximas gerações.

De certa forma, essa discussão vem um pouco atrasada: ainda é normal e bastante frequente ouvir que depressão é “frescura”, ou que este e outros transtornos e desequilíbrios mentais podem ser revertidos apenas com pensamento positivo ou qualquer outra coisa – que não seja o tratamento e apoio adequados.

Mas afinal, o que é depressão e porque devemos falar sobre ela? Mais do que isso: por que é tão importante tratá-la de forma urgente? A resposta é que, em casos graves, a depressão pode levar ao suicídio – e este já é considerado a segunda principal causa de morte de jovens entre 15 a 29 anos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, não falar sobre a depressão e não tratá-la com sensibilidade pode aumentar ainda mais o número de vítimas fatais, o que também deixa para trás uma trilha de enlutados que podem desenvolver a mesma condição.

Assim como na maioria dos transtornos, a maior dificuldade da depressão é buscar ajuda – tanto profissional, quanto de amigos e familiares. Então, se você reconhece alguém que possa estar passando por um momento difícil, vale atentar-se para uma abordagem mais sensível.

5 sintomas da depressão: como saber quando alguém precisa de ajuda?

Quando falamos de alguém que está com depressão, as relações entre familiares e amigos é fundamental. Os efeitos e sintomas da doença, por exemplo, são visíveis e notórios no âmbito social: de acordo com o “barômetro da depressão”, estudo e relatório publicado pela Fundação Alemã de Auxílio a Vítimas da Depressão (Stiftung Deutsche Depressionshilfe), 84% dos entrevistados afirmaram se afastar completamente da vida social durante episódios depressivos, enquanto 72% disseram não se sentir capazes de se conectarem com outras pessoas. Além disso, 45% dos acometidos pela depressão acabam deixando seus parceiros.

O isolamento é particularmente preocupante, já que cria condições cada vez mais propícias para o agravamento da doença, que pode culminar em um suicídio. Por isso, a presença e o acolhimento de quem cerca um depressivo é extremamente importante e essencial para o tratamento e a superação do transtorno. Veja abaixo alguns sinais que podem ajudar você a identificar alguém que esteja passando por um período difícil e que precisa de ajuda.

  1. Irritabilidade, ansiedade ou angústia;
  2. Desânimo, cansaço excessivo (as tarefas podem demandar muito mais esforço do que normal), apatia e falta de vontade de fazer atividades que antes gostava;
  3. Sensação de fracasso, culpa e baixa autoestima; a frequência de pensamentos negativos aumentam;
  4. Flutuações extremas de peso e apetite (ao mesmo tempo em que a depressão pode causar um emagrecimento não-saudável e falta de apetite, também pode estimular a compulsão alimentar e o ganho de peso como consequência)
  5. Insônia, dificuldade de concentração ou sono excessivo (estimulado pelo cansaço fora do comum).

4 maneiras de como ajudar uma pessoa com depressão

Ainda de acordo com o “barômetro da depressão”, familiares e amigos ainda têm dificuldades em lidar adequadamente com os afetados pela depressão: 73% dos parentes de pessoas em episódios depressivos afirmaram se sentirem responsáveis pelo sofrimento do ente querido. Ao mesmo tempo, há ainda a questão da culpabilidade e a falta de sensibilidade em tratar do assunto: 56% dos entrevistados acreditam que a depressão é causada por escolhas erradas, enquanto 30% acreditam que o sofrimento seja causado por fraqueza de caráter.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a depressão é um transtorno multifatorial, ou seja, é causada por diversos motivos que podem surgir em qualquer período da vida (um deles, sendo, inclusive, herança genética). Para saber como ajudar uma pessoa com depressão, reunimos abaixo 4 formas de exercitar a compreensão, o acolhimento e a sensibilidade com quem está passando por um episódio depressivo:

1. Ouça com atenção e exercite a empatia

Quando nos deparamos com alguém que está precisando de ajuda, algumas pessoas podem achar difícil lidar com temas complexos, e como consequência, acabam piorando a situação, fazendo comentários descabidos, ou apenas se recusando a falar sobre o assunto. Por isso, na hora de ouvir aquele seu amigo ou familiar que está passando por um momento difícil, foque os seus esforços apenas em ouvir o que a pessoa tem a dizer: é a melhor forma de ajudá-la. Preste atenção, olhe nos olhos, e exerça a empatia sem julgamentos, ofereça acolhimento e não julgue ou tente diminuir o sofrimento da pessoa.

2. Estimule-a a procurar ajuda profissional

É sempre bom lembrar que a depressão é um transtorno mental que, quando não tratado, pode ser debilitante e até mesmo fatal. Mas também pode ser vencida com tratamento e prevenção. Por isso, ao mesmo tempo em que a rede de apoio é essencial para a recuperação, ela não substitui o acompanhamento médico e terapêutico. Sempre que possível, estimule a pessoa que está com sintomas de depressão a procurar ajuda, e se possível, ofereça a sua companhia. Tratar de assuntos emocionais e psicológicos ainda é tabu para muitas pessoas e ter uma pessoa de confiança no incentivo é extremamente importante.

3. Incentive a socialização e atividades que possam ser benéficas

O isolamento social pode agravar ainda mais o estado depressivo: afastar-se de amigos e familiares e deixar de fazer atividades prazerosas é um dos primeiros sinais do transtorno. Por essa razão, para ajudar o seu ente querido que esteja passando por isso, sugira atividades de lazer e incentive a socialização.

Convide-o para sair, para conhecer lugares e pessoas novas, ou para rever amigos queridos. Uma dica muito legal é começar uma atividade física, que tem diversos benefícios para a saúde mental: saiam para caminhar, correr, andar de bicicleta ou participar de alguma aula de exercício. A companhia pode ser um incentivo a mais para começar a mudar hábitos que vão fazer toda a diferença.

4. Não ignore: fique atento à gravidade da situação e, se necessário, alerte outras pessoas

Existe um preconceito muito grande em cima do suícidio, uma falácia que ignora tudo o que se sabe sobre saúde mental: “quem quer tirar a própria vida, não avisa”. Quando pensamos dessa forma, ignoramos totalmente o fato de que até chegar a esse ponto, houveram vários momentos em que uma mão poderia ter sido estendida, mesmo quando não havia um pedido explícito de ajuda. Por isso, ao notar sinais de uma possível depressão ou comentários que indiquem que a pessoa já esteja em um nível preocupante do transtorno, incentive-a a procurar ajuda, e demonstre o seu carinho e a sua preocupação.

Disque 188 – Centro de Valorização da Vida (CVV)

O Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias. Para falar com alguém, disque 188, ou acesse: https://www.cvv.org.br/quero-conversar/



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