Nova voz vem do hip-hop e lança canção influenciada pelo gênero neo soul

  •  Icone Calendario6 de janeiro de 2022
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 Me Grava Salon Line com Thalia Abdon

Para abrir 2022 com chave de ouro, o Me Grava Salon Line acaba de lançar sua décima voz. O projeto, que é fruto de uma parceria com o produtor musical Max de Castro e conta com o apoio do Spotify Brasil, revela, desta vez, o talento da jovem cantora Thalia Abdon, de 24 anos, moradora de Itapecerica da Serra, São Paulo.

Ela conta que começou a cantar ainda criança. “Eu comecei cedo cantando, com 5 anos eu já tentava cantar em inglês porque meu pai ouvia muito Alfa FM, Antena 1 e na época estava bombando muito Spice Girls, George Michael, Diana, Richie, Cindy Lauper, era incrível. Eu ficava cantando e meu pai pensou ‘hum, tem alguma coisa aí’. Ele era mestre de obras, chegava em casa, tomava banho, arrumava o black power, deixava aquelas plantas de obra em cima da mesa, ía fazer comida e eu ficava ali cantarolando”, relembra.

Ainda bem nova, Thalia já ousava compondo algumas músicas, ela conta. “Com nove anos me lembro de ter feito uma música. Engraçado que tinha toda a estrutura de uma canção com verso, refrão, ponte e último refrão. Daí apresentei para o meu tio que na época trabalhava em uma rádio. Passou o tempo e comecei a me dedicar mesmo a compor com 16 anos, quando eu fazia o ensino médio à noite. Inclusive, pedia ajuda para os meus amigos, pegava beats na internet e os mais próximos sempre elogiavam e opinavam”.

Dali em diante, a jovem cantora foi ganhando cada vez mais confiança e começou a pensar na construção de um EP com músicas exclusivas. “Eu compus nove músicas para um EP e “Cidade Cinza” foi uma delas. O desafio então, era gravar em estúdio, cheguei a receber uma proposta, mas não foi para frente. Então, com uma produção bem caseira, comecei a gravar minhas canções, mas claro, a qualidade não era aquela coisa. Eu me arriscava até a fazer coro de backing vocal, era legal, mas não estava bom. Foi aí que uma amiga me indicou para um amigo dela que tinha estúdio no Capão Redondo, pediu que eu gravasse um cover e lançasse despretensiosamente. Eu gravei uma música da Rihanna e o negócio bombou com umas 300 mil visualizações. Depois, o conheci e gravamos quatro faixas da minha primeira mixtape que se chama ‘Primeiro Passo’”, comenta.

Nisso, uma das faixas mais especiais que ela havia criado, foi ficando de lado. Thalia chegou a gravar “Cidade Cinza” mas não aprovou o resultado. “Chegamos a gravar ela, mas não gostei, ainda não era aquilo. Então, fiz meu primeiro álbum chamado “Entrada Indiscreta”, com doze faixas no total, e foi quando eu comecei a fazer show e ter mais visibilidade. Em 2017, fiz a inscrição para o festival Sons da Rua, passei entre os dez, fui para a audição, passei na votação do público e fiquei entre os cinco finalistas, sendo a única mulher”. Depois disso, Thalia já sabia bem o que queria: “Foi uma experiência muito gostosa. Pensei: ‘Quero mais, quero muito mais’”.

Ao longo desse caminho, nem sempre tudo foi um mar de flores. “Até aqui foi muito difícil. Por vir de uma família pobre, não tivemos como investir em aulas de canto ou algo ligado à arte. Me formei em recursos humanos e tudo que aprendi foi na marra, sempre sozinha. Mais nova, lá em 2005, não tinha acesso a internet, então eu ligava a TV e ficava vendo vários videoclipes, inclusive da Rihanna, minha inspiração. Eu imitava tudo que eu via: melisma, vibrato, respiração… a vivência que eu estou tendo com o projeto Me Grava só agrega na minha carreira. Nunca tive tanta proximidade com uma marca a ponto de ver como funciona para segurar toda essa estrutura e, além disso, dar oportunidade para quem canta, ainda mais artista independente, é um grande impulso. Essa chance é gigantesca, com a influência e alcance que a Salon Line tem”, destaca.

Thalia vem da cena hip-hop e traz no combo o R&B, o neo soul e o pop que são predominantes em suas canções. Ela diz, com orgulho, que a música tem papel fundamental na sua vida e representa resiliência e emoção. “Ser mulher, negra, periférica nessa cena é complicado, eu fico muito incomodada quando sou assediada, subestimada ou vista como bobinha. Alguns caras acham vários defeitos no que você está fazendo ou te ignoram. Ainda existe muito preconceito, como eu canto R&B acaba virando para o trap e o rap. No futuro quero estar no mainstream ao lado das grandonas. É muito difícil você ganhar notoriedade no rap, tem Tasha & Tracie, Bilvot, Souto MC, Altniss, mas elas estão ali na bolha, é difícil entrar. Os caras, que na maioria são os que movimentam esse meio, não dão abertura para as mulheres chegarem, ainda mais mulheres pretas. É uma estrutura bem preconceituosa”.

Thalia abdon

A canção “Cidade Cinza”, indicada para o projeto, tem uma história muito particular e íntima. “Meu pai era alcoólatra, ele agredia minha mãe, eles sempre brigavam, se batiam e eu era pequena vendo aquela situação. Eu falo sobre isso nessa música. É delicado para mim, mas eu uso o papel para desabafar essas questões, contar essa história”, finaliza.

Quer ouvir esse e os outros singles no Spotify? Acesse a playlist “Me Grava Salon Line” na plataforma e boa audição! Agora, se você tem talento para música e compõe, participe. É rápido e fácil: grave seu vídeo cantando e marque com a hashtag oficial #MeGravaSalonLine no Instagram. Quem sabe você é o próximo a mostrar sua canção para todo o Brasil. Vem!



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