Mitos e verdades da pílula do dia seguinte

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  • Talitha Benjamin
 Pílula do dia seguinte realmente é confiável para não deixar a mulher engravidar?

A Organização Mundial da Saúde estima que, ainda se todas as mulheres do mundo se prevenirem com qualquer um dos métodos contraceptivos, ainda assim, cerca de 6 milhões de gestações indesejadas ainda aconteceriam. A pílula do dia seguinte é, de todos os contraceptivos, o mais polêmico, graças a diversos mitos que rondam a forma correta de utilizá-la.

Considerada como um contraceptivo de emergência pelo Ministério da Saúde, a pílula do dia seguinte é vendida sem prescrição médica e pode ser adquirida por um preço bem baixo em qualquer farmácia. Segundo a Dra. Karina Tafner, ginecologista e obstetra, especialista em Endocrinologia Ginecológica e Reprodução Humana pela Santa Casa e especialista em Reprodução Assistida pela FEBRASGO, ela age modificando a capacidade de se mover das trompas e altera o muco cervical liberado pelo colo uterino, impedindo a ascensão dos espermatozóides e dificultando a implantação dos embriões.

No entanto, por mais popular que seja, a PDS ainda precisa ser tomada nas certas circunstâncias para que a gravidez indesejada seja evitada. Conversamos com a Dra. Karina Tafner para esclarecer os mitos e verdades sobre esse contraceptivo, desde a forma correta de uso, os riscos e os efeitos colaterais dessa pílula:

A pílula do dia seguinte não pode ser tomada com frequência

VERDADE. A pílula do dia seguinte é uma bomba de hormônio e, por isso, só pode ser utilizada, no máximo, uma vez por ano. “Ela é um método de emergência, usada em casos pontuais: em casos de estupro, quando se tem relação sem camisinha, ou quando um método contraceptivo não funciona”, explica a médica ginecologista.

A pílula do dia seguinte é 100% eficaz

MITO. Não existe método contraceptivo 100% eficaz. A pílula seguinte, por exemplo, precisa ser tomada imediatamente após a relação sexual desprotegida para que sua eficácia seja garantida. Se for tomada nas primeiras 72h após a relação, as chances de gravidez são baixíssimas – mas ainda pode acontecer.

A pílula do dia seguinte causa inchaços ou vômitos

VERDADE. Dra. Karina afirma que a PDS equivale a metade de uma cartela de pílula anticoncepcional comum – tomadas de uma vez só. Um dos seus efeitos colaterais é a retenção de líquido e alteração do ciclo menstrual, o que pode causar a sensação de inchaço e, por passar pelo estômago, a pílula também pode causar náuseas e vômitos. Todos esses efeitos colaterais são temporários.

A pílula do dia seguinte é abortiva ou causa infertilidade

MITO. A PDS evita a gravidez pois age no sistema reprodutivo feminino para diminuir as chances de fecundação, conforme explicado pela médica Dra. Karina: “ela altera a motilidade (capacidade de se mover) das trompas, altera o muco cervical liberado pelo colo uterino, o que impede a ascensão dos espermatozóides e dificulta a implantação dos embriões”. Apesar de ser o único contraceptivo que age após a relação a sexual, a pílula do dia seguinte não funciona caso a fecundação já tenha ocorrido, portanto, ela não é abortiva. Também não existe evidência científica suficiente para afirmar que o uso (quando administrado corretamente) da pílula do dia seguinte pode causar infertilidade.

A pílula do dia seguinte é mais efetiva se for tomada no mesmo dia da relação sexual desprotegida

VERDADE. A PDS pode ser tomada em até 72 horas após a relação sexual. No entanto, as taxas de falha vão aumentando conforme o tempo passa: nas 12 primeiras horas, a taxa de falha é de 0,4%. Já nas primeiras 24 horas, a chance de falha aumenta para 1,4%, e assim gradativamente. Quanto antes você tomar, mais eficaz é o resultado.

A pílula do dia seguinte pode substituir a pílula anticoncepcional ou a camisinha

MITO. Além do uso só ser indicado apenas uma vez por ano, a pílula do dia seguinte, só pode ser utilizada nos casos pontuais já mencionados pela ginecologista. Além disso, a ginecologista Dra. Karina alerta que a PDS age apenas contra a gravidez indesejada, não oferecendo qualquer tipo de proteção contra as infecções sexualmente transmissíveis (as IST’s).

A pílula do dia seguinte é um dos contraceptivos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e desde 2012, é possível adquiri-la em qualquer unidade básica de saúde (UBS) sem precisar passar por consulta ou ter uma receita médica. No entanto, ele não pode substituir o anticoncepcional comum.



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