A mulher no mercado de trabalho: Como anda o cenário atual

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  • Carol Andrade
 duas mulheres conversando em um ambiente de trabalho

A participação das mulheres no mercado de trabalho cresce a cada dia. São mulheres que chegam a novos setores da economia, que ocupam cargos mais altos e também que se tornam empreendedoras.

Mas nem tudo são flores. Os desafios ainda são grandes, e ainda há preconceito e dificuldades para garantir a presença das mulheres no mercado de trabalho. Entenda como as mulheres chegaram onde estão, qual é o cenário atual e possibilidades de inserção das mulheres no mercado de trabalho.

História das mulheres no mercado de trabalho

Em Histórias e conversas de mulher, da historiadora Mary del Priore, ela explica que a presença das mulheres no mercado de trabalho brasileiro sempre existiu. “Há centenas de anos, a mulher brasileira trabalha. Nos primórdios da colonização, elas foram fazendeiras, comerciantes, lavadeiras, escravizadas. Nas primeiras décadas do século XX, grande parte do proletariado era formado por mulheres: espanholas, italianas, polonesas e sírias constituíam 67,62% da mão de obra. As mulheres negras, após a Abolição, continuaram, por sua vez, trabalhando nos setores mais desqualificados e recebendo salários baixíssimos”, afirma a autora.

Ainda que em todos os períodos tenha sido registrada a participação das mulheres, foi com o avanço da industrialização no Brasil que ela começou a se ampliar. Até então, a participação das mulheres era restrita e muitas delas se voltavam exclusivamente para o trabalho doméstico. Na década de 1980 ela se tornou ainda maior, se tornando parte significativa da população economicamente ativa do Brasil.

Entre os primeiros marcos, é possível destacar a Constituição de 1934, que adequou o país a algumas das legislações internacionais vigentes, e a conquista da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em 1943. Para as mulheres, a garantia de direitos ampliou a possibilidade de inserção no mercado de trabalho.

Ao longo das décadas, as mulheres conquistaram direitos como a licença maternidade, intervalos para amamentação, estabilidade no emprego após a gravidez, além de remuneração igualitária. Em 1988, com a nova Constituição, muitos destes direitos foram aprimorados, avançando na garantia de melhores condições de trabalho para as mulheres.

Importância da mulher no mercado de trabalho

As mulheres são parte muito importante do mercado de trabalho no Brasil. De acordo com dados da última PNAD Contínua do IBGE, do 3º trimestre de 2022, as mulheres representam 44% do total da força de trabalho do país. Cada vez mais, as mulheres ocupam áreas e cargos que antes eram dominados pelos homens, mas ainda há muito o que conquistar.

Temos cientistas, médicas, pilotas, advogadas, matemáticas, diretoras de empresa, parlamentares, professoras e muitas outras profissões e cargos ocupados por mulheres.

O empreendedorismo feminino tem crescido, assim como a presença das mulheres no mundo dos negócios. De acordo com pesquisa do Sebrae, com base em dados do IBGE, no 3º trimestre de 2022, havia 10,3 milhões de mulheres donas de negócios no Brasil, representando 34% dos empreendedores.

Inserção da mulher no mercado de trabalho

A inserção das mulheres no mercado de trabalho ainda é cheia de desafios. Salários mais baixos, preconceito e dupla ou tripla jornada de trabalho são algumas das questões enfrentadas por elas. De acordo com a PNAD, o rendimento médio real mensal das mulheres ocupadas é 21% menor do que o dos homens. A renda média das mulheres brasileiras é de R$ 2.305, enquanto a dos homens é de R$ 2.909.

Receber menos pela mesma função desempenhada por um homem é ainda um dos problemas enfrentados pelas mulheres, e maior no caso das mulheres negras, onde a diferença é mais significativa.

Para garantir a sua permanência no mercado de trabalho, muitas mulheres enfrentam desafios ao engravidarem e terem filhos. A licença maternidade ainda é vista por muitas empresas como um problema, e o mercado tem dificuldades de criar condições para as mulheres conciliarem o cuidado dos filhos com o trabalho e o crescimento na carreira.

Cenário atual: A mulher no mercado de trabalho

Ainda que o cenário seja de crescimento da participação das mulheres no mercado de trabalho e ampliação ao longo das décadas dos direitos, a situação das mulheres no mercado de trabalho não é fácil.

Segundo a PNAD, o Brasil conta hoje com 89,6 milhões de mulheres com 14 anos ou mais, das quais 47,9 milhões fazem parte da força de trabalho. Destas, 22,3 milhões são negras e 20,3 milhões não negras.

As mulheres ocupam muitos setores do mercado, mas as áreas em que há a maior presença delas são nos serviços domésticos (91%), e na educação, saúde e serviços sociais (75%).

É importante registrar que das mulheres com um trabalho agora, apenas 65% contribuem para a Previdência Social, o que trará grandes impactos nas condições de se aposentar. Além disso, 43,3% são trabalhadoras informais, ou seja, não têm nem carteira assinada e nem CNPJ.

O aumento da informalidade é uma das diversas consequências da pandemia da Covid-19, que afetou a vida de milhões de brasileiros e impactou mais as mulheres, cujos índices de desemprego foram maiores e sofreram mais com a precarização do trabalho.

Ser mulher e trabalhadora é um desafio cotidiano, mas que tem sido enfrentado pelas brasileiras há muitos anos e dado bons frutos.



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