Você sabe o que é “visibilidade trans?”

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  • Talitha Benjamin
 Você sabe o que é visibilidade trans

Falar sobre comunidades marginalizadas acompanha a necessidade de tornar visíveis suas realidades, escondidas do restante da sociedade. A “visibilidade trans” busca refletir sobre a comunidade trans e suas vivências, em especial, sobre quais os caminhos que ainda precisam ser percorridos para garantir os direitos humanos das pessoas transgêneros, travestis e não-binárias, que correspondem à letra “T” de LGBTQIAP+.

Essa discussão se torna ainda mais importante quando falamos da realidade brasileira: no país, apenas em 2021, foram registrados 140 assassinatos de pessoas trans; desse total, 135 vitimaram travestis e mulheres transexuais, e cinco tiveram homens trans e pessoas transmasculinas. Os dados são obtidos em um dossiê “Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras”, realizado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), com apoio de universidades federais, e aponta ainda mais uma gravidade: a expectativa de vida de uma pessoa trans não passa dos 35 anos, chegando a 40 anos a menos do que a média brasileira para as pessoas cisgêneros.

Enquanto isso, a ausência de pessoas trans em destaque em diversos outros ambientes, como em universidades, no mercado de trabalho, nas artes e na publicidade é evidente. Esse panorama coloca o Brasil no centro do mapa da violência e marginalização da comunidade, e mostra a urgência do tema em todas as esferas da sociedade.

O combate à violência contra pessoas trans como prioridade

Os dados confirmam a posição do Brasil em um ranking alarmante: pela 14º vez consecutiva, o país esteve no topo dos países que mais matam pessoas trans no mundo. No entanto, são poucos os registros de iniciativas operacionais ou educacionais por parte das secretarias de Segurança Pública para diminuir esses índices.

Com os números, vemos claramente que ser trans é, antes de qualquer coisa, uma luta diária pela sobrevivência. A realidade dramática da comunidade mostra uma dificuldade imensa em compreender e aceitar a diversidade das vivências de gênero, e a recusa em aceitar as diferenças. Para a sociedade brasileira, qualquer existência que desafie a binaridade do homem e mulher atrelada ao sexo biológico será castigada e viverá à margem.

No dia 26 de janeiro de 2023, o dossiê anual da Antra foi entregue ao Ministério dos Direitos Humanos. Na ocasião, que coincidiu com a semana do Dia da Visibilidade Trans, a secretária de Articulação Política da Antra, Bruna Benevides, ressaltou a importância de olhar para a vida das pessoas trans com dignidade e respeito: “O Brasil é o país que mais consome pornografia trans. O assassinato talvez seja para tentar dizimar esse desejo. O controle da sexualidade, a falta de discussão de sexualidade e gênero promove pessoas sexualmente frustradas”, ressaltou.

Por que “visibilidade” trans?

Além da questão vital da segurança física, a existência de pessoas trans também passa pela questão da dignidade, ou seja, é marcada pela exclusão e falta de aceitação em instituições e esferas sociais. Ainda de acordo com a Antra, 90% da população travesti, transgênero e não-binária tem apenas a prostituição como fonte de renda, e também, compõem uma parcela significativa da população em situação de rua no Brasil.

Esses dados, de acordo com o levantamento, evidenciam duas realidades: para a comunidade trans, as oportunidades de trabalho, avanço profissional e de estudos são praticamente inexistentes. Ainda, muitas ainda estão na infância ou adolescência quando experienciam a transfobia em casa, da própria família, o que as levam a viver na rua e ter a prostituição como única forma de sobrevivência, um cenário que as colocam à margem da sociedade, desassistidas de todas as formas possíveis.

É só parar para refletir: quantas travestis, pessoas transgênero, ou pessoas não-binárias você conhece? Quantas possuem estabilidade financeira ou emocional? Quantas vivem abertamente, sem precisar se esconder? Quando ouvimos nossas próprias respostas a essa pergunta, é fácil entender a importância de se discutir, e juntos, pensarmos a visibilidade, a dignidade e o respeito às pessoas trans.



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