Old money: conheça a estética que está fazendo sucesso nas redes
- 23 de agosto de 2022
- 17:52
- Talitha Benjamin
Nos últimos tempos, as redes sociais têm sido um termômetro importante para a criação de novas tendências no mundo da moda. Algumas delas são passageiras, momentâneas e pontuais, outras, dão o tom para enxergarmos o que pode vir por aí quando falamos de roupas e acessórios. A estética “old money”, por exemplo, virou uma febre entre fashionistas, com milhões de conteúdos produzidos exaltando o estilo de se vestir de uma parcela minúscula da população.
O que pode parecer apenas uma obsessão por uma estética em específico, também esconde algumas reflexões necessárias para entender como a moda se movimenta ultimamente: o que esse surgimento significa, como interpretar essa obsessão com o estilo old money, e como adaptá-la para conversar melhor com um estilo de vida mais realista? Vem com a gente saber tudo sobre essa trend:
O que é o old money style?
A estética old money refere-se à um estilo de se vestir que remete aos donos e herdeiros de fortunas antigas, acumuladas de geração em geração (a tradução literal é “dinheiro velho”), ou seja, pessoas de famílias muito ricas e antigas, em geral, brancas e conservadoras. O estilo de roupas do old money tem como aspecto principal o vintage, elegante e clássico, porém, muito discreto e minimalista, e que procuram se afastar das extravagâncias e ostentações.
Por sua vez, a estética old money se apoia em referências a um estilo de vida inacessível para a maior parte da população: mansões, arte renascentista, muito champagne, esportes de elite (como tênis e hipismo), elooks clássicos em tons de branco e bege fazem parte dessa tendência, que tem se tornado obsessão de muitos jovens antenados com a moda.
O que motivou o retorno da tendência old money?
É difícil imaginar que, com o mundo da moda caminhando para um estilo cada vez mais inclusivo e diverso, com cores, estampas e estética chamativas (vide o retorno da moda dos anos 2000), seja também uma geração que queira resgatar o old money. Então, o que explica esse repentino apreço pela estética minimalista, vintage e mais clássica?
É simples: o desejo de se diferenciar da ostentação e do apreço “vazio” por marcas e grifes caras atuais. O old money é o exato oposto do new money (ou dinheiro novo), ou seja, pessoas que enriqueceram recentemente, e que muitas vezes vieram de baixo e querem ostentar seu recém-adquirido poder aquisitivo.
Além disso, há também o desejo por escapismo da realidade e pela estabilidade financeira, principalmente em um mundo caótico do ponto de vista político, econômico e social, e que motiva o jeitinho old money de se vestir e agir, criando essa estética alternativa que busca se assemelhar à um estilo de vida glamourizado e nostálgico. Basicamente, é a tentativa de se aproximar o máximo possível da elegância, sutileza e despreocupação daqueles que possuem fortunas inacessíveis através de roupas e acessórios específicos.
Qual a problemática por trás do estilo old money?
Não é difícil entender o por quê o resgate da estética old money e a glamourização do estilo de vida de milionários e bilionários seja problemática: o luxo apreciado é algo que só faz parte da realidade de jovens brancos e conservadores, e o próprio conceito de “dinheiro velho” trata-se do acúmulo de riquezas entre um grupo minúsculo de pessoas, o chamado “1%”. É difícil ver, por exemplo, pessoas não-brancas nas centenas de milhares de fotos e vídeos que inspiram a estética nas redes sociais.
Além de ser uma tendência excludente por si só, outro aspecto problemático da glamourização do estilo old money é a exaltação de aspectos de elegância e sofisticação que são colocados como superiores a outras tendências marginalizadas. Ficou complicado de entender? A gente explica: recentemente, alguns influenciadores digitais do mundo da moda tem viralizado com dicas de “etiqueta”, que ditam o que é ou não considerado elegante e de classe. O problema é que aspectos da moda popular e da periferia são, de acordo com a opinião desses influenciadores (mulheres brancas, ricas e com alto poder aquisitivo), vulgares, e portanto, ruins.
Isso significa que a estética old money é algo ruim e problemático? Sim e não. Graças às redes sociais e a popularização do acesso à diferentes estilos de roupas e acessórios (hoje, você consegue facilmente replicar estilos e estéticas gastando pouco dinheiro), é muito divertido acompanhar trends, achar quais mais se encaixam no seu estilo, adaptá-las à sua realidade, ou até mesmo testar novas formas de se expressar através da moda. Só devemos tomar cuidado para, ao resgatar estéticas de épocas passadas, não acabar reproduzindo preconceitos e exclusões, indo na contramão de todo o avanço na diversidade e inclusão no mundo da moda.
Moda old money: peças e acessórios que compõem os looks
Quer saber como incorporar um pouquinho do estilo clássico e sofisticado do old money no seu guarda-roupa? É só apostar naquelas peças clássicas, com uma pegada mais formal e elegante: blazers e calças de alfaiataria, muitos cortes retos e mais folgadinhos, tecidos mais finos (lã, seda e cetim) e acessórios discretos. Para ajudar você a embarcar nessa trend e se inspirar, separamos 3 looks da embaixadora Bianca Camargo que conversam muito bem com a estética old money, vem ver:
Aqui, o look old money veio com um pegada mais rocker, mas ainda acompanha a silhueta reta com o blazer de alfaiataria e a pegada clássica e feminina do mocassim, itens característicos da estética.
Neste look, os tons neutros e a silhueta reta dão o tom da estética old money, com cores terrosas e suaves. De novo, o mocassim adiciona uma base retrô e clássica ao look.
Aqui, o nome já diz tudo: o old money é sempre sobre peças clássicas que compõem um visual sofisticado e elegante. Mas não se engane: dá para usar essas peças e mesmo assim, montar uma produção super atual.